À descoberta do fenómeno

Decidi que não haveria de morrer estúpida por isso, ir a um concerto do Tony Carreira fazia parte da minha enorme de lista de coisas a fazer antes de ir desta para melhor, lá diz o povo. E pronto, foi neste belo domingo nublado que tornei realidade tão nobre desejo. Podia ter ido para o camarote mas não, fui mesmo pisar a alcatifa que cobria o relvado do Bessa e juntei-me às fãs ao rubro que vibravam igualmente com Perfume e Bandalusa. Com Ana Moura acalmaram-se os ânimos mas também o que seria de esperar de um Festival de Verão com fado?!?! Pior só mesmo o trapinho que a moçoila resolveu vestir, qual bola de espelhos a rodar numa disco-party. Minha querida, para aproxima vou contigo à Zara e tenho a certeza que por 39,90€ vens de lá um mimo! Indumentárias à parte, já se sentia o aroma quando eu e a minha compincha deixamos os nossos amigos vip, sim, os do camarote, e fomos para a bicha, a fila, da entrada que se resumia a 4 pessoas para 12 polícias a revistar carteiras. Calculo que seja um trabalho desinteressante, caso contrário não vejo mais nenhuma razão para o elogio à minha “poxete” Hello Kitty. Ainda estou pra perceber se foi deixa de engate ou se o senhor da farda achou que ficaria o máximo junto ao cassetete. Entramos mesmo a tempo do “Intervalo” o que me fez soltar um comentário à Nuno tipo: “bom, já íamos embora…” mas estava ali com um propósito e nem que começasse a chover, o que depois até aconteceu, eu ia embora sem ver o grande Tony. Umas voltas ao recinto, umas caras conhecidas, duas de letra e chega a vez dos Bandalusa. Começa a corrida desenfreada das bancadas até ao relvado, pares a postos e está aberto o bailarico com passos de um “super ballroom” filmado algures nos anos 80. LINDO!!! Já não sabia se ria ou chorava por não ter ali par à altura pra dois passinhos aqui com a “morena ai… ai…” Uma pequena grande pausa para jantar ao som de Ana Moura e mantinha-se assim o digno espectáculo fora de palco. Tinha de tudo! Ele era gunada, ele era azeite, ele era meninas de trapinhos comprados em Custóias, não, não tenho nada contra a boutique, apenas acho que deve ter sido o local de compra pois não me lembro de outra com falta de espelho que mostrasse às ditas meninas como ficava simplesmente horrível a banhola de fora do trapinho tamanho xxS! Não faltavam também as senhoras de idade avançada de calções e barriga ao leu, a miudagem a correr descalça, modelitos de ambos os sexos cujo gosto era no mínimo duvidoso e a cereja no topo do bolo, o sósia! Capachinho “Natural Black” com pala digna de um Elvis dos tempos modernos, calça preta justíssima puxada ao esterno deixando a prata da casa em sofrimento, camisa branca engomada e blusão de couro preto. Tudo isto e ainda uns movimentos ritmados com braço no ar e pirueta no final. Qualquer semelhança com a realidade de dançar era sem dúvida uma grande coincidência! Chega o tão esperado momento do Tony entrar em palco e não foi preciso muito para perceber toda a máquina que move o fenómeno e o faz ser exactamente isso. Um palco grande, um jogo de luzes muito bom, néons e ecrã a condizer. Uma banda com cordas, sopros, precursões e 2 meninas com um vozeirão do fim do mundo. Já o senhor Tony devia ter ficado em casa a fazer vocalizes e assim evitava as bolas à trave. Tudo muito bom, excepto o cabeça de lista! Continuo sem perceber o fenómeno Tony Carreira mas o que é certo é que gostei, bati o pezinho e até cantarolei umas musiquinhas, principalmente naquela parte em que o roadie lhe levava o micro e ficam só as meninas a cantar “eu sem ti, quem era eu sei ti…” Ah, o duo LiAna está a passar ao lado de uma grande carreira… Neste caso a do Tony!!! :)